Uma visão objetiva sobre o ambientalismo

Queimadas na Amazônia, debates sobre um Green New Deal nos Estados Unidos, investigações sobre crimes ecológicos na China, e cúpulas do clima na ONU com discursos de adolescentes e presidentes. Há tempos o ambientalismo não é mais uma pauta obscura, mas parece ter tido sua popularidade renovada no último ano.

De um lado, um suposto consenso científico que beira o absoluto, afirmando que as ações humanas estão causando mudanças sem precedentes ao planeta, o que poderia torna-lo inabitável num futuro próximo. De outro, um ceticismo declarado à climatologia, à agenda verde e até mesmo à comunidade científica que oscila entre o razoável e o paranóico. Afinal, o que está acontecendo com o planeta?

Este artigo busca apresentar ao leitor, de forma simples mas concisa, a essência de nosso conhecimento sobre as mudanças climáticas, quais as diferentes medidas que podem ou não ser tomadas quanto a elas, separando claramente o conhecimento científico da ideologia política. Para tal, analisaremos a história dos diversos movimentos ambientalistas: do conservacionismo americano do século XIX às teorias modernas sobre mudanças climáticas, com enfoque no mérito de suas origens, motivações e predições.

Conservacionismo, Preservacionismo e Progressivismo

O ambientalismo científico e secular começa no século XVII, com a obra do britânico John Evelyn (1620 – 1706), pioneiro da engenharia florestal. Seu livro Sylva é o primeiro tratado que considera florestas e ambientes naturais como recursos escassos que devem ser explorados de forma sustentável, a fim de evitar sua extinção. Seu livro não influenciou apenas uma geração inteira de acadêmicos na Europa, mas também foi essencial para a criação de uma burocracia profissional no Reino Unido, representada pelos departamentos florestais da Índia britânica, um dos primeiros exemplos de burocracia profissional do Ocidente[1].

Mesmo pioneira, a obra de Evelyn era tão só um tratado acerca da administração de um recurso escasso (a madeira), e não uma discussão mais ampla sobre a preservação de ecossistemas. Mesmo influenciado pelo conservacionismo europeu, o ambientalismo moderno nasce nos Estados Unidos, o palco de debates mais fervorosos entre liberais, conservacionistas e preservacionistas.

Confrontados com a questão florestal, republicanos da ala mais conservadora, como William Howard Taft (1857 – 1930) adotaram a posição liberal em defesa da propriedade privada, argumentando que o governo não deveria gerir ou possuir terras, e que o dono de cada lote de floresta era livre para fazer o que quisesse com sua propriedade. Porém, em meio à Era Progressista, em que os valores americanos originais de liberdade e propriedade eram diariamente questionados por movimentos sociais e o governo mantinha em seu poder grandes quantidades de terra, a posição liberal tinha pouca influência. O debate real era entre os conservacionistas, que consideravam a natureza um recurso escasso que deveria ser explorado de forma racional, sob a supervisão estatal; e os preservacionistas, que consideravam a natureza um bem em si mesma, que não deveria ser explorado.

Sob a influência do movimento cultural naturalista encabeçado por artistas como o pintor Albert Bierstadt (1830 – 1902) e o escritor Henry David Thoreau (1817 – 1862)[2], preservacionistas como John Muir (1838 – 1914) e o seu Sierra Club defendiam o valor intrínseco do contato humano com a natureza virgem, que consideravam uma fonte de enaltecimento e iluminação intelectual. O ambiente filosófico americano, porém, estava dominado pelo utilitarismo e pragmatismo do movimento progressivista (dos quais tratamos nesse artigo). Influenciado por autores como John Stuart Mill (1806 – 1873), defensor do coletivismo moral e da ação governamental intervencionista em prol do bem comum, e William James (1842 – 1910), defensor da criação de equivalentes morais à guerra[3] a fim de conduzir a população rumo ao sacrifício altruísta, Theodore Roosevelt (1858 – 1919) viu no conservacionismo a pauta perfeita para expandir o poder do Estado e profissionalizar a burocracia americana.

Devido à influência de Roosevelt e dos conservacionistas, o Congresso americano aprova, em 1891, a Lei de Reservas Florestais (Forest Reserve Act), que dota o presidente com o poder de transformar florestas em propriedade pública, o que, com o tempo, resultaria na estatização de milhões de hectares de terra, na criação de centenas de parques nacionais e na fundação de inúmeras agências governamentais. O conservacionismo ganhou a sua primeira batalha política e foi a posição dominante durante a era progressivista, porém, como C. M. Sciabarra identificou: “…uma contradição na consciência do indivíduo, caso não abordada, gera necessariamente mais contradições”, e o conservacionismo pragmatista do século XIX cedeu espaço para uma nova onda preservacionista na metade do século 20.

Do erro coletivista ao apocalipse ambiental

O conservacionismo de Roosevelt era problemático na medida em que servia como justificativa para aumentar o poder do Estado e atacar o direito à propriedade privada, porém tinha duas qualidades redentoras. Sua abordagem direta a problemas específicos com soluções também específicas impunha uma restrição ao uso arbitrário do poder público. A ação pública do conservacionismo consistia, grosso modo, em identificar um lugar que possuía um recurso específico que, ao menos em teoria, sofria com o risco de desaparecer na ausência da ação do Estado, e não na criação constante de leis e regulações que afetavam toda a economia. A segunda era a identificação de um problema real; a literatura liberal é clara na conclusão de que a estatização de uma área não é uma solução adequada para sua preservação[4], mas é fato que certos recursos importantes, se explorados de forma indevida, podem desaparecer[5].

No entanto, a contradição inerente à premissa coletivista do movimento progressivista, leva necessariamente ao abandono tanto da epistemologia necessária para identificar problemas competentemente, quanto da ética que vê a vida humana como padrão último de valor. Não é possível defender consistentemente a epistemologia racional necessária para identificar problemas e, ao mesmo tempo, defender irracionalmente a intervenção estatal como solução para esses problemas; nem é possível defender o valor da vida humana e, ao mesmo tempo, negar os direitos fundamentais do homem. Por causa disso, o Utilitarismo e o Pragmatismo gradualmente perdem espaço para ideologias como o Positivismo, o Marxismo e o Pós-modernismo, e essa mudança cultural se faz sentir no movimento ambientalista.

A primeira grande obra do ambientalismo contemporâneo foi a Primavera Silenciosa, de Rachel Carson (1907 – 1964), que afirmava que o uso de pesticidas sintéticos – em especial o diclorodifeniltricloroetano, ou DDT – seria responsável pela destruição de ecossistemas e, em última instância, do ser humano. Unificando com sucesso o primitivismo pós-modernista do movimento hippie, o anticapitalismo da academia marxista[6] e os interesses políticos da burocracia positivista, Carson provocou uma grande mudança social. Dentre os impactos da sua obra, são dignos de nota a criação da Agência de Proteção Ambiental (EPA) americana, o início do movimento da “ecologia profunda”[7] – a versão moderna do preservacionismo do século XIX- e a proibição do uso do DDT nos EUA e, posteriormente, no resto do mundo.

A proibição do DDT e suas consequências simbolizam bem o preservacionismo de Carson. Apesar de supostos danos ao homem e ao meio ambiente, muito questionáveis do ponto de vista científico[8], o fato é que era um dos pesticidas mais eficientes e baratos do mundo, e foi fundamental para a erradicação da malária na Europa e nos Estados Unidos. O think thank libertário Competitive Enterprise Institute afirmou que a epidemia africana de doenças transmissíveis via mosquitos está diretamente relacionada com os embargos à substância: “milhões de pessoas ao redor do mundo sofrem os efeitos dolorosos e muitas vezes mortais da malária porque alguém soou um alarme falso. Esse alguém é Rachel Carson”. No Brasil, o DDT foi erradicado pelo governo de forma gradual entre 1985 e 1998. É curioso que foi em 1998 que presenciamos os primeiros surtos modernos de dengue.

Com o ressurgimento do movimento preservacionista, o suposto apocalipse ambiental combatido por Carson foi apenas o primeiro de muitos. Ao longo das décadas subsequentes, diversas teorias de caráter malthusiano começaram a ganhar espaço, como a “Bomba Populacional” de Paul Ehrlich (1932)[9], os “Limites do Crescimento” do Clube de Roma, e o “Pico do Petróleo” de M. King Hubbard. Segundo todas elas, que ganharam relevância na década de 1960 e cuja metodologia positivista é baseada primariamente em modelagens estatísticas, a raça humana deveria estar vivendo em condições pós-apocalípticas há pelo menos 20 anos.

O fantasma atmosférico e o consenso acadêmico

A “primeira onda” do ambientalismo foi definida pelo conservacionismo florestal, com a intervenção do Estado para a preservação de alguns recursos naturais. A “segunda onda” do ambientalismo surge do preservacionismo e introduz pautas emergenciais de caráter global. Com as falhas preditivas das teorias da segunda onda, uma terceira onda ambientalista ganha força na década de 1980, com foco na atmosfera terrestre e uso metodológico de “metapesquisas”, i.e. pesquisas que apresentam, não uma ideia específica, mas uma compilação das ideias de diversos cientistas.

A primeira obra relevante a falar sobre o perigo das emissões atmosféricas humanas foi a de John Holdren, que previa que o uso de combustíveis fósseis e aerossóis levaria ao esfriamento da Terra a níveis perigosos. A falha óbvia e grotesca em suas predições não impediu que o cientista fosse nomeado conselheiro-sênior e diretor da Secretaria de Políticas Públicas de Ciência e Tecnologia do presidente Barack Obama. As teorias dele foram drasticamente revistas e alteradas de forma não apologética até se encaixarem nas predições atuais sobre o aquecimento global antropogênico.

Hoje em dia, é comum ouvir que 97% dos cientistas climáticos concordam com a afirmação de que o aquecimento global é um fenômeno antropogênico perigoso e urgente. A ideia de consenso é produto de uma metapesquisa feita por John Cook em 2013, que analisou cerca de 12.465 artigos acadêmicos (11.944 após uma breve filtragem inicial) sobre o tema, agrupando-os de acordo com três critérios: (i) a existência do aquecimento global, (ii) a magnitude do problema e (iii) o papel da atividade humana no fenômeno. Em diversas ocasiões, Cook afirmou que a sua “pesquisa” demonstra que 97% dos cientistas concordam que o aquecimento global é um problema urgente, causado pelo homem.

Como discutimos num artigo anterior, a metapesquisa é um instrumento essencialmente positivista de análise, que substitui a apresentação de uma teoria científica – a proposição de uma relação causal logicamente válida com suficientes evidências empíricas – por um processo coletivo. A ciência sempre foi feita por indivíduos excepcionais que contradizem o consenso, e não o inverso, e o financiamento público de pesquisas é voltado para pesquisadores que não contradizem o consenso[10]. O problema mais imediato, porém, é que os próprios dados compilados por Cook contradizem a sua afirmação. Basta um rápido “ctrl+f” na publicação de Cook, que é pública, para perceber que apenas 64 cientistas se encaixam na sua “categoria 1”, ou seja, a dos que concordam com sua afirmação de que o aquecimento global é real, perigoso e causado primariamente pelo homem – meros 1.6% da comunidade científica.

Andy May, petrofísico com 42 anos de experiência no setor privado – em especial na prospecção de petróleo e gás natural em múltiplos continentes -, felizmente nos poupou o trabalho de compilar os dados sobre a qualidade preditiva dos modelos utilizados por organizações como a ONU para lidar com a questão do aquecimento global na imagem abaixo. Fiz a gentileza de verificar de forma independente os dados compilados por May, e posso afirmar que são sólidos. Todos os dados são públicos, e o leitor é, não apenas bem-vindo, mas ativamente incentivado a checar por si só. Nada substitui a atividade intelectual direta.

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Como mostra a imagem, apenas o modelo russo INM-CM4, que tem parâmetros de Sensibilidade Climática de Equilíbrio (ECS) consideravelmente diferentes dos outros modelos, tem provido predições próximas às observações advindas de satélites e balões meteorológicos, e suas predições não são nem um pouco alarmantes. Além disso, apesar da sua precisão, as suas predições são radicalmente diferentes da média que se encontraria em uma meta-pesquisa sobre modelos climáticos, o que o torna um modelo ruim pelos próprios padrões positivistas de autores como Holdren. Mas se não há um consenso sobre o aquecimento global, o que exatamente isso quer dizer? Por que a ideia de um apocalipse ambiental continua popular? Não se deve confiar nas opiniões de especialistas? Não devemos prestar atenção nos impactos ambientais da atividade humana?

Uma perspectiva ambiental objetiva

Uma perspectiva objetiva sobre a questão ambiental envolve três pontos: (ii) a atitude racional que se deve ter quanto à produção acadêmica; (ii) a atitude para com as consequências políticas da ciência e (iii) a atitude para com a natureza e os recursos naturais.

A produção acadêmica não existe em um vácuo, e James já propagandeava, no início do século passado, a lucratividade política do sentimento de pânico. Seja na guerra às drogas, ao terror ou à poluição, há sempre muito a ser ganho – tanto em termos monetários como, principalmente, em termos políticos – pela criação de um inimigo urgente cujo combate requer exceções aos direitos individuais.

Como meu pai sempre me dizia: “números são covardes e, se espremê-los o suficiente, dirão o que você quiser ouvir”. Metapesquisas e modelagens estatísticas são uma forma positivista de metodologia, quase uma anticiência, na medida em que conseguem mostrar o que seus autores quiserem – e a maioria deles geralmente dirá o que seus financiadores querem ouvir. Cabe ao indivíduo analisar criteriosamente toda e qualquer pesquisa científica, analisando sua metodologia, dados e conclusões de forma racional.

Independentemente da informação científica disponível, em qualquer que seja o assunto, é necessário ter em mente que os direitos individuais à Vida, à Liberdade, à Propriedade e à Busca pela Felicidade jamais constituem um problema à vida em sociedade – são, justamente, uma solução para os problemas sociais, pois se baseiam na natureza do ser humano como um ser individual, e apenas secundariamente parte de um todo maior. Qualquer problema, seja ele o abuso de substâncias químicas ou a exploração indevida de recursos naturais, deve ser resolvido dentro dos limites dos direitos do indivíduo, sob pena de intensificar o problema inicial e criar problemas adicionais.

Passar por cima dos direitos do indivíduo para resolver um problema específico é passar por cima dos direitos do indivíduo para resolver todo e qualquer problema que possa aparecer, e portanto abandonar os direitos do indivíduo de forma absoluta, estabelecendo um precedente perigoso. Abandona-los significa que o ato de identificar um problema não mais acontece por meio de indivíduos excepcionais em um campo do conhecimento que, fazendo uma descoberta, convencem racionalmente os outros a agir de uma certa forma, mas por meio de burocratas do governo que possuem o poder de definir quais são os problemas relevantes para toda uma nação de pessoas com crenças e preferências distintas. Abandona-los também significa que, mesmo que haja um consenso quanto a um problema, a forma de resolvê-lo será decidida de forma centralizada, por funcionários públicos dotados de poder sobre a vida do cidadão, através do sacrifício de alguns – e não através do empreendedorismo livre de certos indivíduos, gerando benefícios para todos.

Há mérito na posição conservacionista de Roosevelt e afins. Existem muitos recursos, como rios e florestas, que devem ser explorados de forma consciente sob pena de desaparecerem. A conservação por si só, porém, não é um valor. O que importa é como produzir o máximo de valor possível a partir dos recursos naturais disponíveis ao longo do tempo, e não por quanto tempo é possível produzir valor a partir desses recursos – e um burocrata do Estado com um salário estável e nenhuma experiência de mercado é bem menos qualificado para fazer as escolhas necessárias do que um indivíduo privado cujo sustento depende disso.

Há mérito também na posição preservacionista, como Thoreau demonstra competentemente em Walden. A contemplação da natureza pode nos trazer benefícios espirituais e intelectuais inestimáveis, como evidenciado pelo fato de que as pessoas escolhem voluntariamente ir a zoológicos, reservas ambientais e acampamentos. Esse valor, porém, não é e nem pode ser intrínseco à natureza, mas vêm da interação do homem com ela – o homem ainda é o padrão último de valor. Se o valor que essa interação cria compensa ou não o custo (incluindo o custo de oportunidade) de se preservar uma certa área é uma pergunta que só pode ser respondida pelo mercado.

A solução para qualquer problema ambiental jamais virá de uma atitude emocional cujo objetivo é a tirania. A solução virá, e vem, da atitude racional, e seu corolário: a liberdade.

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Revisado por Matheus Pacini.

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[1] Em Ordem Política e Decadência Política: Da Revolução Industrial à Globalização da Democracia, Francis Fukuyama (1952) detalha o papel da burocracia florestal americana e, principalmente, britânica, no desenvolvimento de uma burocracia estatal profissional, em contraste com o patrimonialismo de líderes políticos locais.

[2] É curioso que, apesar de sua opinião pessoal sobre o valor da vida em contato com a natureza, Thoreau foi um árduo defensor da propriedade privada. Responsável por cunhar o termo “desobediência civil”, chegou a ser preso por se recusar a pagar impostos para financiar uma guerra com a qual não concordava. Todavia, a imensa maioria dos preservacionistas influenciados pelo naturalismo de Thoreau não compartilhavam de seus valores políticos.

[3] Em seu livro O Equivalente Moral da Guerra, James argumenta que o estado de espírito experimentado no contexto de guerra possui uma essência boa, na medida em que promove o auto-sacrifício voluntário do indivíduo em nome do bem comum. Para o autor, é necessário buscar equivalentes morais da guerra, para que a essência desse sentimento seja mantida viva em tempos de paz.

[4] Em Justiça, Poluição do Ar e Direitos de Propriedade, Murray Rothbard (1926 – 1995) defende que a solução para quaisquer problemas ambientais não vem da implementação de políticas públicas, mas da aplicação apropriada do princípio da propriedade privada pelo sistema jurídico. Ayn Rand (1905 – 1982) é ainda mais radical ao condenar a agenda ecológica, afirmando em The Lessons of Vietnam que ela condena o Homem ao “estado de sub-animais balbuciantes que cavam o solo com as próprias mãos”. No lado mais brando da crítica, Milton Friedman (1912 – 2006), mais afeito ao utilitarismo e à interferência estatal, ainda criticava duramente a política pública direta como instrumento de controle ambiental, defendendo mecanismos de mercado como o crédito de carbono e a precificação das emissões como soluções melhores.

[5] O melhor exemplo são os recursos hídricos fluviais. A partir do momento em que se destrói a nascente de um rio, ou se interrompe o seu curso por causa do assoreamento, o rio é destruído, e todos os recursos que dele adviriam são inviabilizados.

[6] Nada ilustra melhor a influência que os acadêmicos marxistas tiveram no movimento ambiental a partir da década de 50 do que o fato de que o primeiro Dia da Terra, que o movimento escolhe para lembrar a população dos perigos da exploração desenfreada da natureza, foi comemorado no aniversário de 100 anos de Lênin.

[7] A ecologia profunda é um movimento ambientalista que promove a ideia de que todo e qualquer ser vivo possui um valor intrínseco, independente de sua relação com o ser humano. Arne Naess (1912 – 2009), ecologista norueguês responsável por cunhar o termo cita Carson e sua Primavera Silenciosa como uma de suas principais influências.

[8] Em The Green Crusade, o ambientalista Charles T. Rubin (1952) analisa os dados utilizados por Carson e conclui que eles não levam à conclusão tirada pela autora a respeito dos danos do DDT para a saúde humana. Testes feitos pela Organização Mundial de Saúde quase 15 anos após a publicação de Rubin corroboram a suas conclusões. Pesquisas realizadas por diversas organizações ecológicas, como a Audubon Society e o Patuxent Wildlife Research Center também desmentem as afirmações de Carson sobre os efeitos destrutivos do DDT em populações animais.

[9] Em seu “Population Bomb”, Ehrlich usa de uma metodologia positivista baseada primariamente na modelagem estatística para afirmar que o crescimento populacional levaria a fomes generalizadas até, no máximo, a década de 80. Após a falha inquestionável de suas predições, Ehrlich escreveu um novo livro em 1990 renovando sua visão apocalíptica. Questionado sobre suas falhas em 2004, a resposta do autor parece diretamente copiada de um dos pseudo-cientistas da Revolta de Atlas: “58 academias de ciência disseram a mesma coisa em 1994, assim como a comunidade cientifica no mesmo ano [da publicação de seu livro em 1990]. A minha visão se tornou depressivamente popular!”

[10] O website Skeptical Science, do próprio John Cook possui uma página dedicada ao efeito “gateway belief” (algo como crença porta-de-entrada), que propõe que uma vez que um consenso é divulgado como absoluto, pesquisadores tendem a ser coagidos a aceita-lo.

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