Quando a igualdade é desumana?

Quem defende a igualdade de oportunidades está, em última análise, defendendo a igualdade de resultados, algo só possível mediante o estabelecimento de regras restritivas às ações e relações humanas com o uso da coerção.

Quem tenta igualar oportunidades disponíveis para todos, mas aproveitadas segundo as competências individuais e as circunstâncias que surgem do acaso, acabam por torná-las escassas.

Igualdade de oportunidades nem é um objetivo moralmente justo, nem é metafisicamente alcançável.

A defesa de um ideal como a igualdade de oportunidades ou resultados é feita por quem não está familiarizado com uma das leis da natureza – a lei da causalidade – que diz que toda ação de uma entidade não pode contrariar sua natureza.

A natureza do homem é a de um ser racional que precisa de liberdade para identificar e aproveitar ao máximo as oportunidades que surgirem, respeitando capacidades e limitações individuais.

O aproveitamento desigual das oportunidades, bem como o atingimento desigual dos resultados estão diretamente relacionados à natureza humana que determina que, enquanto indivíduos, somos diferentes, mesmo que tenhamos os mesmos direitos perante a lei.

A desigualdade econômica existente é um dado da realidade porque cada indivíduo possui capacidades e propósitos diferentes. Há aqueles que possuem elevado grau de inteligência, criatividade, produtividade e dedicação para produzir valor em grande quantidade para os outros, recebendo em contrapartida remuneração condizente com aquilo que produziu e ofereceu. Há aqueles que não têm tudo isso, recebendo remuneração menor; há também aqueles que têm, embora não se interessam pelo valor material que isso poderia lhes proporcionar, preferindo apenas a satisfação pessoal com valores intelectuais ou espirituais.

A única maneira de eliminar a desigualdade econômica é proibindo os mais produtivos de produzirem ou tornando-os escravos da sociedade, o que, em ambos os casos, diminuiria a criação de riqueza, elevando o grau de miséria e pobreza de todos.

O caso mais notório da história na tentativa de eliminar as desigualdades ocorreu no Camboja na década de 70, quando o tirano comunista Pol Pot, formado na Universidade de Sorbonne, implementou um programa para a erradicação da desigualdade, aniquilando quase 25% da população do país. Primeiro, ele queria acabar com as cidades para que toda a população morasse no campo; depois, queria acabar com a diferença entre os mais inteligentes e capazes e os menos inteligentes e incapazes, pela proibição do uso de equipamentos (óculos, por exemplo) e tudo que pudesse diferenciar uma pessoa da outra, de modo a evitar resultados desiguais.

Obviamente, isso é impossível e desumano.

Você é a favor da igualdade de oportunidades? É isso que você defende?

Para falar em mérito é preciso falar em merecimento, em justiça. Num sistema de trocas voluntárias, onde cada um é livre para criar e produzir para os demais recebendo pagamento em retribuição, é justo que quem produz mais valor receba mais que quem produz menos.

É ridículo, para não dizer doentio, achar que não deveria ser assim. Não pode ser saudável a mente que pretende promover a injustiça.

Nas sociedades mais livres e mais justas, onde a igualdade perante a lei predomina, e as oportunidades são maximizadas pela liberdade, a produção de riqueza gera excedentes ao ponto de praticamente eliminar a miséria.

Já nas sociedades atrasadas, onde a falta de liberdade diminui as oportunidades disponíveis, exatamente por querer eliminar a justiça e o mérito, substituindo-os pela igualdade de resultados, a miséria campeia.

Lembrem-se de que, enquanto existimos, somos diferentes uns dos outros; apenas quando deixamos de existir [morremos], é que as diferenças desaparecem. É por isso que todos os que se dedicam a cultivar a igualdade de oportunidades e resultados acabam colhendo miséria e cadáveres.

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Revisado por Matheus Pacini.

Publicado originalmente em Causas & Consequências.

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