Qual a relação entre “estar presente”, “fazer o que importa” e “manter o foco”?

Estas são três iniciativas que favorecem a vida. São diferentes entre si? É preciso adotar todas ao mesmo tempo? Caso não, qual é prioritária? Pode haver conflito entre elas?

A resposta mais breve é: sim, elas são diferentes. Você não precisa adotar todas ao mesmo tempo. Opte por elas conforme o contexto, evitando conflitos.

Essas são três iniciativas diferentes sobre a mesma escolha básica pela vida, que deve ser feita a todo momento.

Quando sua intenção é estar presente, você dirige sua atenção para a escolha. Estar presente é ter consciência de seu entorno, os valores específicos que estão em jogo e qual será o seu próximo alvo.

Você percebe que são seus valores que estão em jogo. Percebe que, para obtê-los, precisa viver o mundo real, encarando a realidade e a necessidade de escolher o que fazer.

Quando sua intenção é fazer o que importa, você está focado nos resultados futuros de suas ações.

Você identifica o que importa com base na compreensão do contexto – a situação existencial; seus conhecimentos, valores e habilidades; e as dificuldades que precisa superar. Você encara o futuro, tornando-se responsável por moldá-lo.

Quando sua intenção é manter o foco, você se volta para o papel que sua mente tem na ação. Isso é um pouco mais técnico.

No livro Objetivismo: a filosofia de Ayn Rand, Leonard Peikoff descreve “foco” como o “estado de uma mente focada em resultados, comprometida em obter consciência total da realidade.” Além disso, explica que “‘consciência total’ não significa onisciência, mas sim compreender um assunto, levando em conta as evidências, seus conhecimentos prévios e habilidades cognitivas.”

Sua mente funciona de uma forma específica. Você tem grande quantidade de conhecimento acumulado. Adquiriu habilidades lógicas e estratégicas para avaliar situações e identificar valores. Sabe como tomar decisões. Consegue observar se sua mente está funcionando bem, ou se está sobrecarregada, confusa ou cansada. Sabe como mitigar estados disfuncionais. Todas essas atividades exigem muito esforço mental.

Quando você decide focar, compromete-se em fazer o esforço necessário para dar seguimento à sua escolha. Talvez precise resolver problemas do passado para alcançá-lo.

Você pode precisar se concentrar – perseverar. Se sua mente estiver cansada, precisará descansar. Se lhe falta conhecimento, precisará pesquisar e preencher essas lacunas. Ao escolher “estar em foco”, precisará gerir sua mente para fazer o melhor uso de toda a sua experiência. Podemos escolher qualquer situação concreta e analisá-la por cada uma das três perspectivas.

Por exemplo, enquanto escrevia esse artigo, fiquei sonolenta. Eu me perguntei diversas vezes: devo parar agora e continuar depois? Por estar presente, sabia que podia escolher. Eu não “tinha que terminar” o artigo hoje, mas queria terminar. Finalizá-lo significaria cumprir meu cronograma, facilitando a vida de todos. Afinal, amanhã teria outro projeto prioritário.

Por outro lado, poderia mudar minha programação, arranjando tempo para terminar amanhã. Isso me ajudaria a relaxar um pouco, dando-me tempo para refinar minhas ideias e diminuir o ritmo da semana. Poderia ter feito isso, mas decidi terminá-lo.

Ao fazer que é importa, aceito que a forma como lido com essa questão afetará meu futuro. Assim, escolho conscientemente com base em valores, e não em ameaças, porque essa é forma de assegurar o sucesso de longo prazo.

Encaro o cansaço como um alerta de que preciso terminar um trabalho, e não como um obstáculo a ser superado. Passo um tempo analisando todos os aspectos aparentemente negativos para determinar o valor que está em jogo, para tomar uma decisão efetiva.

Ao estar em foco, reconheço a necessidade de gerir minha mente. Conforme fico cansada, preciso reduzir o ritmo, trabalhando dentro de meus limites. Conforme chegava a vontade de parar, tratei de repensar os prós e contras a serem avaliadas naquela decisão.

Conforme diminuía minha energia, simplifiquei meu objetivo para finalizar a tarefa o quanto antes. Utilizei as três perspectivas para ter sucesso.

Escolhendo estar presente, asseguro que não vou agir contra meus próprios interesses. Fazendo o que importa me motiva a dar os passos agora, em especial, os menos confortáveis. Escolher manter o foco, lembro-me de levar em conta o contexto. O que posso e devo assimilar para tomar a decisão?

Que perspectiva você deve usar quando quiser se fortalecer? Aquela que o orienta. Aquela que parece mais útil no momento. Aquela que lhe parece mais fácil de praticar. Em última instância, se você escolher estar presente, fazer o que importa ou manter o foco, você fará as três.

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