Por que muitas pessoas têm dificuldade para conquistar autoestima?

Para Ayn Rand, a autoestima não era apenas desejável, mas um valor essencial na vida humana: nem menos importante, nem menos necessária do que o alimento ou a saúde física. E, em sua visão, algo que todos podem conquistar. Ainda assim, muitas pessoas têm dificuldade nisso. Por quê?

Um fator importante, que mencionei em um recente webinar, é o fato que a autoestima é, em parte, um julgamento moral.

Rand descreveu autoestima como a “certeza inviolável” de que “sua mente é capaz de pensar, e que sua pessoa merece a felicidade, o que significa: é digna de sua vida.” A autoestima exige o julgamento de si próprio por um padrão exigente. Esse fato explica por que muitas pessoas têm dificuldade para conquistar autoestima.

Embora a maioria das pessoas concorde que a autoestima é um elemento crucial de uma boa vida (note a demanda por dicas e conselhos para melhorar sua imagem), a mesma maioria é avessa à ideia de julgamento moral. Muitas pessoas aceitam sem questionar a máxima “não julgue para não ser julgado”. E, em conversas informais, notamos o uso frequente da expressão “não me julgue” – o que implica que esperam uma avaliação negativa e realmente não querem ouvi-la (pode haver uma avaliação positiva sem algum tipo de julgamento?)

O que está por trás dessa aversão ao julgamento? Uma força poderosa que alimenta tal relutância é a moralidade convencional.

A moralidade convencional afasta as pessoas da ideia de viver segundo ideias morais. Ela ensina que sua primeira preocupação deve ser servir ao próximo, e que ser virtuoso é sacrificar seus valores em nome de um valor mais “elevado”. Seus objetivos, valores e convicções pessoais: você deve estar disposto a renunciar a todos eles. A ética do “dever” exige a autonegação.

Mas os requisitos da vida exigem que persigamos objetivos pessoais. Então, praticar essa moralidade de forma consistente fá-lo sentir aquém e indigno. Muitos concluem que ser um santo moral é inatingível. Quando resta apenas imperfeição ou fracasso, é possível entender por que ela [a moralidade vigente] desperta nas pessoas uma profunda aversão ao julgamento moral, particularmente delas próprias. Esse código moral, na visão de Rand, é irracional e, portanto, irrealizável; ninguém pode alcançá-lo. E é por isso que ele se torna um obstáculo formidável contra a conquista da autoestima.

Mas esse é um obstáculo que todos podem superar, individualmente. Para tal, é preciso descartar as ideias convencionais e adotar um código de moralidade racional – cujos ideais são baseados na realidade e, portanto, possíveis de serem praticados e almejados. Praticar tal moralidade consistentemente é perseguir os valores racionais exigidos pela vida humana. Nesta moralidade, o julgamento pessoal não é sinônimo de reprovação inevitável ou motivo de desmerecimento. Em vez disso, se você atingir esses ideais morais, poderá realizar a autoavaliação que fundamenta a autoestima: que você é fundamentalmente competente para viver e ser digno de felicidade.

Esse é precisamente o tipo de teoria moral que Rand defende como parte de sua filosofia. Rand definiu um código de princípios morais racionais, baseados em fatos observáveis. Ele [egoísmo racional] defende que “o bem humano não requer sacrifícios humanos, e não pode ser alcançado pelo sacrifício de um ser humano pelos outros.” É um código de moralidade que exige autoavaliação, além da busca da perfeição moral do indivíduo, algo que, na visão de Rand, podemos alcançar.

Como? Um bom lugar para começar a explorar a concepção de autoestima de Rand e sua relação com a moralidade é o livro A virtude do egoísmo, particularmente os ensaios… “A ética objetivistas” e “Saúde mental versus misticismo e autossacrifício”.

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Publicado originalmente em The New Ideal.

Traduzido por Matheus Pacini.

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