Perfeição versus Produtividade

Pouco tempo atrás, conversei com um amigo professor que estava preocupado com o seu primeiro dia em uma turma nova, pois ele não sabia que atividade divertida propor para quebrar o gelo. Por querer tanto fazer algo “diferente”, ele jogou todas as suas possíveis ideias na cesta proverbial da autodepreciação. Isso o deixou frustrado, sem nenhuma ideia viável na noite anterior ao seu primeiro dia de aula.

Ele foi vítima de seus próprios padrões imaginários que desqualificaram cada pensamento antes mesmo de se tornar uma ideia completa. Tenho muita experiência com esse tipo de situação infeliz. Às vezes, minhas ideias começam como pensamentos fugazes com os quais fico superanimado. Penso comigo mesmo: “Isso vai ser incrível. É a melhor ideia de todos os tempos.” Então, sento para realmente trabalhar na ideia (coloca-las no papel, por assim dizer) e a mágica inteira acaba.

Eu penso sobre a possível ideia repetidas vezes, e ela soa pior a cada vez. Eventualmente, distraído, convenço a mim mesmo de que esse protótipo de ideia – que era tão incrível há pouco – não é boa o suficiente para ser terminada, ou mesmo desenvolvida. E, então, ela é sepultada antes mesmo de ter a chance de crescer, e segue o caminho de tantas outras ideias cujos criadores não tiveram perseverança para concretizar.

Escrevendo com relativa frequência, experimentei esse fenômeno mais do que gostaria de admitir. Eu tenho uma ideia, penso nela um pouco mais, talvez até começo a escrever. Porém, no momento em que há uma pequena contravenção na minha visão original de como o artigo ou peça deveria ser, ou se não está soando bem como imaginei, sinto que não está bom o suficiente e desisto. A empolgação inicial que eu tinha para escrever a respeito daquele assunto desaparece, e penso: “o que é que estou tentando dizer com isso?”

Porque isso acontece? No meu caso, acredito ser uma mistura tóxica de perfeccionismo e aversão ao trabalho. Empreendimentos de qualidade requerem tempo e esforço, e eu, como a maioria das pessoas, prefiro me esforçar pouco e não perder tempo. Nesse caso, o perfeccionismo desempenha um ótimo papel, pois criamos uma noção preconcebida do que nossa ideia ou projeto deveria ser antes mesmo de começarmos. Isso significa que, no momento em que não parece tão boa como imaginamos originalmente, temos uma desculpa instantânea para desistir por completo, desse modo satisfazendo nossa preferência em não gastar tempo e esforço desnecessários.

A cura para essa moléstia? Apenas faça as coisas. Crie momentos produtivos. Elabore pensamentos e ideias em sua totalidade, e esqueça padrões perfeccionistas. Escreva aquele artigo, prepare aquele plano de aula, crie aquele impulso. É preciso passar do ponto de pensar, e chegar no ponto de trazer a ideia para a realidade. É através do processo de criação que é possível descobrir o quão bom ou ruim um pensamento ou ideia realmente é. A verdade é que você não consegue saber se algo é bom ou ruim até fazer.

Não se convença do contrário.

É provável que, se a ideia precisa de ajustes ou melhorias, eles não vão chegar a você – na verdade você provavelmente nem perceberia a necessidade deles – até que a tinta encontre o papel e o metal encontre a carne. Depois de perceber isso, minha escrita ficou muito mais fácil e se tornou muito melhor. Agora quando chego a um obstáculo mental, ou encontro um problema que eu não havia pensado originalmente, simplesmente continuo. Se, ao final, ainda não estiver à altura, volto para o desenho inicial.

A produtividade é extremamente importante para o sucesso e a felicidade. Ayn Rand disse que “o trabalho produtivo é o propósito central da vida de um homem racional, o valor principal que integra e determina a hierarquia de todos os seus outros valores. Razão é a fonte, a condição prévia de seu trabalho produtivo – orgulho é o resultado.” É por isso que é fundamental insistir frente a toda resistência e ser produtivo. Produtividade é alinhar seus valores e construir sua felicidade.

Produtividade é o propósito central do homem. E eu descobri que isso não se refere somente aos meus grandes objetivos de vida e carreira, mas à difícil rotina diária que me leva até lá. Muitas vezes, a chave para a verdadeira produtividade é mudar de rumo. Não acabe com suas ideias e criatividade logo no início. Sempre mantenha o trem andando. Apenas faça!

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Publicado originalmente em The Undercurrent.

Traduzido por Verônica Ferrari Cervi.

Revisado por Matheus Pacini.

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