O que é impressão de dinheiro?

Existe uma ideia populista de impressão de dinheiro. A ideia é a de que os bancos podem imprimir a quantidade que quiserem, enriquecendo por meio de uma grande fraude. Mas isso realmente funciona dessa forma?

Comecemos com um caso simples, que claramente não é impressão de dinheiro. Traremos uma série de exemplos, adicionando um elemento por vez, até chegarmos aos bancos e ao banco central. Por fim, analisaremos essa ideia de impressão.

Henry encontra a casa perfeita, vai ao banco e obtém uma hipoteca. Ele claramente não está imprimindo dinheiro (o banco também não está imprimindo o que empresta, então, vamos com calma). Esse exemplo ilustra o conceito de balanço. Henry não enriqueceu pelo fato de pedir um empréstimo para comprar a casa. É verdade que agora ele tem uma casa, um ativo que antes não possuía. No entanto, a contrapartida da casa (ativo) no balancete é a hipoteca, um passivo que ele também não tinha antes.

O próximo é Barry, que faz um empréstimo para comprar um título. Agora ele tem um ativo (título) e um passivo (empréstimo). Alguém diria que Barry imprimiu dinheiro? Barry só difere de Henry porque comprou um título em vez de uma casa.

A seguir, considere o caso de Frank. Ele faz uma hipoteca de balão para comprar uma casa. Ele pinta as paredes de verde e coloca um carpete novo. Ele vende a casa e, com o lucro, paga a hipoteca. E repete a mesma coisa. Frank está imprimindo dinheiro enquanto negocia casas? Frank difere de Harry porque precisa vender o ativo para pagar o seu financiamento de curto prazo.

O irmão de Frank, Magnus, resolve aumentar os negócios de Frank. Ele negocia com o banco para automatizar empréstimos e pagamentos. Obter uma hipoteca para comprar uma casa fica tão simples como apertar um botão. Quando ele vende, outro botão paga a hipoteca. A rotatividade é tão alta que ele sempre está comprando uma casa nova, enquanto está vendendo a antiga. O pagamento do empréstimo de uma renova seu crédito para que ele possa comprar a próxima. Magnus está imprimindo dinheiro? Magnus difere de Frank porque seu bom crédito convence o banco a lhe permitir iniciar seus próprios empréstimos.

Agora, analisemos o caso de Bob, primo de Barry. Bob cria uma linha de crédito para expandir seu negócio de títulos. Ao encontrar um bom título, ele tem acesso a fundos emprestados para comprá-lo. Você diria que ele está imprimindo dinheiro? Como Magnus, Bob pode pegar emprestado o quanto quiser.

O filho de Bob, Morgan, expande o negócio de títulos da família tomando empréstimos de poupadores convencionais e corporações. Agora Morgan está imprimindo dinheiro? Morgan difere dos outros. O negócio de Morgan é um banco, utilizando o dinheiro do poupador.

Por fim, analisemos Bill. Sua empresa compra e vende a dívida de Morgan. Ele é um negociador de mercado e suas operações fornecem liquidez aos títulos da dívida de Morgan. Ele tem tanto sucesso, que os varejistas começam a aceitar esses títulos no pagamento de suas faturas, porque lhes parece melhor que as demais alternativas. Bill transforma Morgan em uma impressora de dinheiro?

Todos esses exemplos podem ocorrer em um livre mercado. Infelizmente, não temos um. Temos bancos centrais. Um banco central é como Henry, pois emite obrigações/dívidas para financiar a compra de ativos. Como Barry, o negócio do banco central não são casas, mas títulos. Como Magnus e Bob, o banco central pode emitir obrigações/dívidas sempre que quiser comprar um ativo.

Um banco central é bem diferente, mas não porque pode imprimir dinheiro. Ao contrário dos atacadistas que aceitam os títulos de Morgan, os credores hoje aceitam a dívida do banco central só porque são forçados a isso. Os bancos centrais não têm incentivos para serem prudentes, como Bill e Morgan tinham. A lei diz que pode fazer o que quiser. A demanda por títulos de dívida do banco central parece ilimitada, pelo menos até agora.

O banco central não está imprimindo, mas tomando emprestado. Não recebe nada de graça, apenas expande seu balanço. Ele tem um novo passivo/obrigação/dívida para contrapor seu novo ativo. Em nosso sistema bancário não existe impressão. Além disso, apesar do equívoco popular, os títulos de dívida do banco central não são dinheiro, mas sim crédito. Como diria um velho banqueiro:

“Dinheiro é ouro e nada mais”, disse John Pierpoint Morgan, em seu depoimento frente ao Congresso em 1912.

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Artigo publicado em Capitalism Magazine.

Tradução de João Rodrigues.

Revisado por Matheus Pacini.

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