Nosso código moral está desatualizado

O progresso humano exige boas ideias. Considere a introdução de duas ideias fundamentais no mundo moderno.

Volte 600 anos no tempo, quando a ciência moderna ainda não existia. Homens e mulheres viviam e morriam na miséria, em meio à miséria e sujeira, totalmente ignorantes dos germes que devastavam seus corpos, e das leis naturais que governavam o universo, implorando a ajuda de uma força sobrenatural que lhes desse força para navegar nesse vale de lágrimas.

No entanto, graças a pensadores como Galileu, Newton, Pasteur e Darwin, não é assim que encaramos o mundo atualmente. Herdados deles o método de pesquisa: observação cuidadosa e matematicamente precisa; inferência e generalização gradual; e construção de teoria sistemática, com base nas evidências.

Eles tiveram a coragem de desafiar pontos de vista arraigados, deixar de lado a superstição e enfrentar a Igreja. Conforme outros os seguiam, surgiram os cientistas modernos e o conhecimento humano avançou dramaticamente.

Graças à segunda ideia, essa explosão de conhecimento foi além dos limites do laboratório e da academia. Outro grupo corajoso de pensadores desafiou o autoritarismo político. Reis e aristocratas foram varridos do mapa, abrindo caminho para os direitos do homem. Essa ideia deu origem a uma nova nação, nossa querida América, onde o indivíduo era livre para perseguir sua própria felicidade.

Surge um novo tipo de pessoa: o industrial. Difamados como barões-ladrões, eles conquistaram suas fortunas transformando as descobertas da ciência em produtos e serviços.

Disso resultou um conjunto espantoso de invenções e produtos: automóveis, petróleo, antibióticos, refrigeradores, eletricidade, máquinas de lavar, ar-condicionado, aviões, computadores pessoais e smartphones.

Tente imaginar a vida sem todas essas coisas. Não seria nada fácil.

Mas, por mais importante que sejam as ideias de razão e liberdade, o progresso humano exige a implementação de uma terceira ideia, que venha a complementar as revoluções científica e política. Estamos ainda presos ao passado quando o assunto é a ética.

Embora poucas pessoas recorram ao Antigo Testamento ou ao Corão para questões científicas, muitas se voltam obedientemente a esses livros ou seus equivalentes seculares para questões morais. Aprendemos com eles a superioridade moral da fé sobre a razão, e do sacrifício coletivo sobre o lucro pessoal.

Mas, quanto mais seriamente adotamos essas velhas ideias éticas, mais suspeitos nos tornamos das ideias responsáveis pelo progresso humano. Em seus laboratórios, os cientistas não demonstraram a superioridade da fé. Os fundadores dos Estados Unidos em sua Declaração não proclamaram/afirmaram a superioridade de subordinar sua felicidade às necessidades dos outros. Por que deveríamos pensar que essas ideias antigas/antiquadas são o caminho para um iluminismo moral?

Talvez o maior dano ao progresso humano causado por essas ideias morais antiquadas tenha sido distorcer nossa concepção de ideias morais.

Pergunte a qualquer pessoa na rua: “qual é o seu herói moral?”; se for sincera, provavelmente dirá Jesus Cristo ou Madre Teresa. Por quê? Porque são considerados pessoas de fé que criticaram o lucro pessoal em prol da preocupação com o próximo. Ninguém sonharia em citar nomes como Galileu, Darwin, Edison ou Rockfeller.

Mas deveríamos. Foram eles, em seu auge intelectual e produtivo, e não as Madre Teresa do mundo, que deveríamos emular e ensinar nossos filhos a admirar.

Se a moralidade é um julgamento para discernir a verdade, bem como a coragem para fazer algo com sua vida, então, esses indivíduos, em sua capacidade como grandes criadores, são exemplos morais. De outra forma, se a moralidade é um guia em sua jornada para atingir sua própria felicidade pela criação de valores de corpo e mente que possibilitam uma vida de sucesso, então, ela diz respeito ao lucro pessoal, espiritual e material, e não à renúncia a eles.

O lucro monetário é apenas um dos valores que você deve alcançar em sua vida. Mas é um representante eloquente dessa questão, porque, como fica claro com Bill Gates ou Steve Jobs, fazer dinheiro requer uma profunda dedicação espiritual à produção material.

O fato de que ganhar dinheiro é ignorado pela maioria dos moralistas, ou condenado como a raiz de todo mal, nos indica que o caminho é longo.

Na melhor das hipóteses, o mundo não concede nenhum reconhecimento moral a bilionários como Bill Gates e Warren Buffett pelas fortunas pessoais que criaram, porém os elogia por doar seus lucros para caridade. No entanto, eles merecem ser elogiados pelo que produziram e comercializaram em benefício mútuo.

Se a moralidade diz respeito à busca do sucesso e da felicidade, então, doar dinheiro para estranhos é, em comparação, um ato moralmente insignificante (e totalmente errado se for feito sob a premissa de que a renúncia é uma obrigação moral). Razão, liberdade e busca do lucro pessoal – se aprendermos a adotar essas três ideias de forma sistemática, um futuro magnífico nos aguarda.

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Publicado originalmente em CNN.

Traduzido por Matheus Pacini.

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