Heróis anônimos da pandemia: profissionais de saúde

A pandemia está mostrando que, por todo lado, há heróis subestimados.

Legiões deles trabalham em hospitais. O que ficou claro em Nova York e em outros lugares é que médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde estão enfrentando condições de guerra. A falta de testes em massa, a escassez desesperada de ventiladores e o suprimento minguante de equipamentos de proteção individual, como máscaras, tornaram seu trabalho muito mais difícil e aumentaram muito seu risco.

Histórias horríveis se multiplicam todos os dias: médicos tendo que reutilizar suas máscaras, funcionários do hospital usando sacos de lixo como aventais improvisados, médicos obrigados a decidir se devem arriscar suas próprias vidas para salvar pacientes. Aqui, temos uma visão interna do Hospital Elmhurst, duramente atingido em Nova York, do ponto de vista da médica emergencista Dra. Colleen Smith.

Um possível sinal do que ainda está por vir é evidente na Espanha, que também tem uma aguda escassez de máscaras e equipamentos de proteção. Quase 14% de todos os casos de COVID-19 na Espanha são de profissionais da saúde, aparentemente infectados no trabalho. Uma enfermeira de emergência na Espanha denunciou que, na falta de equipamento de proteção adequado, ela e seus colegas se tornaram “kamikazes do atendimento à saúde”. (Alguns médicos nos EUA estão fazendo e atualizando seus testamentos).

 

Muitos americanos expressaram sua gratidão pelo trabalho de médicos e enfermeiros. Dê uma olhada no Twitter ou Facebook. Em Nova York, os moradores foram para as janelas para aplaudir e celebrar seus esforços incansáveis. Em outros lugares, indivíduos e empresas coletaram máscaras e as doaram para hospitais locais.

Quem dera essa apreciação fosse universal. A evidente desvalorização de médicos e enfermeiros por administradores de certos hospitais e pelas autoridades governamentais é de revirar o estômago. É responsabilidade das autoridades do governo se preparar para esse tipo de situação, garantindo suprimentos e recursos adequados, mas estamos vendo o que acontece quando os apelos por preparação para crises são ignorados.

Existe, ainda, outro tipo de desvalorização dos médicos e enfermeiros. Considere os estudantes universitários que se aglomeraram nas praias da Flórida ou do México nas férias de primavera, ou os nova-iorquinos que, supostamente, fizeram jantares pandêmicos em apartamentos lotados. Eles escolhem voluntariamente não manter o distanciamento social. Podem decidir ser fatalistas sobre sua própria saúde — “se eu pegar corona, peguei!” —, mas é repreensível fazer isso e depois, quando adoecem, esperar que médicos e enfermeiros sem proteção adequada os tratem na emergência. Impor esse risco aos profissionais de saúde é não ter consideração por suas vidas.

A premissa feia por trás de tamanha indiferença é que médicos e enfermeiros — indivíduos que passam anos e anos dominando rios de conhecimento científico e continuamente aprimorando habilidades que salvam vidas — de alguma forma nos devem suas vidas e seu trabalho. É como se eles fossem nossos servos, e não precisamos nos importar com o que acontece com eles. A expectativa é que eles sempre apareçam para trabalhar, mesmo às custas de sua própria saúde e do bem-estar de suas famílias. É uma chantagem invertida, uma forma de exploração que não depende dos vícios, mas das virtudes de médicos e enfermeiros. É exatamente por seu amor pelo trabalho e dedicação aos pacientes que tantos deles vão trabalhar todos os dias.

Essa mesma premissa, evidente no Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido, há muito já se infiltrou no sistema de saúde americano, controlado pelo governo. Durante décadas, vimos a imposição de controle após controle, regulando minuciosamente o julgamento de médicos e enfermeiros, dificultando seu trabalho, com a expectativa de que eles podem aguentar qualquer coisa para salvar vidas. A pandemia, dizem alguns, valida a defesa da mudança para alguma forma de saúde estatal, como o Medicare-for-All. Mas o contrário é verdade. Um desrespeito básico pelas vidas, julgamento e liberdade de médicos e enfermeiros está embutido nesses sistemas.

Isso também é o que está por trás da sugestão alarmante do prefeito de Nova York, Bill de Blasio, de um alistamento nacional de médicos e outros profissionais da saúde para atuar em hospitais, começando por Nova York.

Médicos e profissionais da saúde são o “homem esquecido” da medicina socializada, com repercussões nocivas para todos nós. Tamanha insensibilidade em relação a eles é uma farsa moral.

Uma lição que já podemos tirar dessa crise é que precisamos reconhecer adequadamente o tremendo valor dos médicos e enfermeiros. Outra é que, em vez de impor mais controles ou nacionalizar a saúde, precisamos avançar para libertar os profissionais e sua indústria. Apesar da onda de louvor e gratidão até agora, mal começamos a valorizá-los plenamente.

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Publicado originalmente em New Ideal.

Traduzido por Matheus Pacini.

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