Feliz Aniversário, Ayn Rand – por que você ainda é tão incompreendida?

Esse texto foi publicado em 2012.

No verão de 1921, uma jovem Ayn Rand viu Moscou pela primeira vez. “Eu me lembro de estar em uma praça”, ela recordaria mais tarde. “E, de repente, dar-me conta… ‘Que enorme, quantas pessoas, e é apenas uma cidade’”… Repentinamente, pensei em quantas cidades havia no mundo – e que eu tinha de alcançar todas elas. Toda essa multidão tinha que ouvir sobre mim, e o que eu tinha a dizer. E a sensação era maravilhosamente solene”.

Hoje (Ayn Rand nasceu em 2 de Fevereiro de 1905), no 107º aniversário de seu nascimento (o texto foi publicado em 2012), é difícil ter dúvidas de que o mundo ouviu de fato falar em Ayn Rand. Seus livros – incluindo títulos como A nascente e A virtude do egoísmo – venderam quase 30 milhões de cópias, com as vendas de sua obra prima de 1100 páginas, A revolta de Atlas, ultrapassando um milhão de cópias apenas nos últimos três anos.

Rand tem inspirado milhões de pessoas. Surgiu, todavia, uma polêmica sobre a influência política de Rand, com muitos comentaristas afirmando que suas ideias desempenharam um papel importante na definição do cenário político. Como a ex-vice-governadora do estado de Maryland, Kathleen Kennedy Townsend, disse em 2011, “Ayn Rand tem uma grande e crescente influência na política americana”.

Mas, para avaliar a influência de Rand, precisamos saber mais sobre sua visão do que abstrair das declarações de terceiros.

Rand é geralmente considerada uma filósofa política, mas não é assim que ela via a si mesma. “Basicamente, sou a criadora de um novo código moral”, afirmou certa vez. Considerando que os códigos morais anteriores santificavam aqueles que serviam e se sacrificavam pelos outros, a moralidade da Rand exaltava “o conceito de homem como um ser heroico, com a sua própria felicidade como o propósito moral da sua vida, a realização produtiva como a sua atividade mais nobre, e a razão como seu único absoluto. ”

Esta é a filosofia incorporada por personagens da sua ficção tais como Hank Rearden, o industrial de A revolta de Atlas, que – na tradição de Thomas Edison – cria um novo metal que é mais forte e mais barato do que o aço, e que – na tradição de diversos empreendedores – luta para fabricar seu revolucionário produto frente aos obstáculos criados pelo governo. Em um determinado trecho, Rearden é levado a julgamento por violar decretos econômicos governamentais e, de forma orgulhosa, defende o seu direito de produzir e prosperar:

“Eu trabalho a não ser para o meu próprio lucro”, diz ele, “que obtenho com a venda de um produto necessário aos homens e pelo qual eles estão interessados e dispostos a pagar. Eu não o produzo para o benefício deles ao custo do meu benefício, e eles não o compram para o meu benefício ao custo do deles… Eu ganhei meu dinheiro através do meu próprio esforço, pelo livre comércio e consentimento voluntário de todo homem com quem negociei… Eu me recuso a pedir desculpas pela minha capacidade – Eu me recuso a pedir desculpas pelo meu sucesso – Eu me recuso a pedir desculpas pelo meu dinheiro”.

Essa é a perspectiva moral que fundamenta a defesa de Rand do livre mercado, indicando o tipo de caminho a seguir na política para quem aprecia a defesa de Rand.

Você a encontra principalmente na indignação moral dos ativistas do Tea Party, muitos dos quais exibem cartazes que defendem a obra e as ideias de Rand.

Lembre-se do discurso de Rick Santelli que deu início ao Tea Party: “Esta é a América. Quais de vocês querem pagar pela casa financiada do seu vizinho, que tem um banheiro extra mas não pode pagar suas contas? Levantem a mão…. Estamos pensando em fazer uma Tea Party em Chicago. Para todos vocês, capitalistas, que quiserem aparecer no Lago Michigan, começarei a organizá-la… no fim das contas, eu sou do time de Ayn Rand”.

Mas o que você ainda não vê é um grande número de pessoas que realmente entenderam a posição moral e política defendida por Rand. Mesmo entre os ativistas do Tea Party, não existe nenhuma plataforma afirmativa, baseada em princípios, contestando o status quo atual.

É por isso que você encontra em suas manifestações cartazes como “Tirem o governo do meu Medicare” (programa de saúde destinado aos idosos do governo americano). Pelo visto, pagar pelo financiamento habitacional do seu vizinho é ruim, mas pagar pelo plano de saúde dele, tudo bem.

Rand ajudou muitas pessoas a verem que algo está errado com os EUA. Mas elas ainda não compreenderam a origem do problema ou a solução radical de Ayn Rand.

Um movimento político realmente moldado pelas ideias de Rand não fugiria, como Republicanos e membros do Tea Party fogem, das acusações de que o movimento é um porta-voz dos ricos e mesquinhos. Mas declararia que é um movimento para todos os produtores, defendendo orgulhosamente os ricos inovadores, os pobres ambiciosos, e todos entre eles. Se você obteve sua riqueza através da produção e do comércio voluntário, um movimento político inspirado em Rand afirmaria que ela é sua por direito.

E ao invés de olhar para programas como a Previdência Social e o Medicaid (programa de saúde do governo americano voltado para as pessoas de baixa renda) apenas do ponto de vista dos seus beneficiários, um movimento político inspirado em Rand apontaria à grande injustiça cometida contra aqueles que são obrigados a fornecer aposentadoria e assistência médica aos outros. Ele questionaria: com que direito o governo toma a riqueza de algumas pessoas a fim de poder distribuir benefícios não merecidos a outras? Nada, tal movimento declararia, é mais mesquinho do que privar um indivíduo de sua propriedade e liberdade.

Em outras palavras, um movimento político inspirado em Rand seria um movimento orientado por princípios. Ele defenderia o capitalismo laissez-faire – a total separação entre o estado e a economia – como o único sistema que protege totalmente o indivíduo racional e produtivo, garantindo o seu direito moral e político de perseguir a sua própria felicidade.

Em que medida Ayn ??Rand moldou o nosso cenário político? Até agora, não o suficiente.

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Publicado originalmente em Fox News.

Traduzido por Breno Barreto.

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