Amar o próximo

Adoro as pessoas que, quando contrariadas, dizem: se você é contra o isolamento, você é contra a vida, então, saia na rua, contamine-se e, quando estiver morrendo, não use os ventiladores. Dê lugar a quem não age igual a você.

Analisemos essa preciosidade de manifestação.

Primeiro, ser contra a imposição do isolamento pelo governo não é o mesmo que ser contra aqueles que querem se isolar. No contexto da pandemia, o isolamento só é bom para quem é vulnerável e, infelizmente, vemos que não é muito eficaz.

Segundo, já sabemos que esses ventiladores são muito mais úteis para enriquecer governantes e intermediários pelas compras sem licitação com preços superfaturados do que para salvar vidas: servem para drenar dinheiro do erário e mandar boa parte dos hospitalizados em UTIs para aquele lugar indesejado.

Terceiro, quem opta por isolar-se e não tem idade nem comorbidade que lhe faça arriscar a vida ao circular por aí, está protelando a “imunização de grupo”, que aumenta a chance dos vulneráveis se contagiarem, além de maximizar a ansiedade desses, pois não sabem quando poderão voltar à vida normal nem se isso ocorrerá um dia.

Quarto, quando alguém que foge do isolamento tira o lugar de alguém que está isolado, fica provado que o isolamento não funciona, logo, defendê-lo como solução não faz sentido. Se as pessoas em isolamento não se contaminam, por que raios precisariam de ventiladores?Q

Quinto, esse é o melhor. Quem preza tanto a vida e fica rogando praga só porque o outro não compartilha a mesma opinião, que. por sinal ainda não é certa e comprovada, não passa de um sujeito frio, cínico e hipócrita. Defende a vida de quem não conhece, mas desdenha da vida de quem está tão próximo que pode contrariá-lo.

Sexto, pode, também, ser apenas alguém cuja covardia e submissão o leva a sentir inveja de quem é destemido e corajoso, livre e independente, e aí, sentindo-se oprimido, passa a desejar a morte do outro como prêmio de consolação para aplacar os próprios vícios.

O medo é o filho-pródigo da ignorância com a impotência. E o ódio, seu irmão-gêmeo.

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Revisado por Matheus Pacini.

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