A revolta de Atlas e alguns pontos que os críticos não entendem

Comecei a reler A revolta de Atlas, o romance colossal de 1.200 páginas escrito por Ayn Rand. O livro me deixou uma impressão tão positiva quando o li pela primeira vez seis anos atrás que jurei relê-lo de cinco em cinco anos para continuar a aprender coisas novas.

Frente a isso, fiquei curioso para ver o que outras pessoas tinham a dizer sobre o livro. Já ouvi diversas vezes que os críticos do livro são tão hostis ao ele que é plausível imaginar que a maioria deles nunca chegou a lê-lo!

As distorções de Thom Hartmann sobre o romance

Não demorei muito para encontrar alguns artigos e vídeos de Thom Hartmann, famoso comentarista de extrema-esquerda, e verificar que minhas suspeitas eram justificadas. Como você verá em breve, as descrições de Thom do clássico romance de Rand são tão caricaturadas e sem fundamento que você sinceramente se pergunta se ele realmente leu o livro.

(Por justiça, ele afirma tê-lo lido no ensino médio, isto é, há mais de 40 anos. Talvez as acusações dele sejam fruto de falta de memória).

A revolta de Atlas trata da importância dos CEOs

Hartmann: “Você realmente acredita que, se todos os CEOs entrassem em greve, a sociedade desmoronaria? Essa é a premissa básica do livro.”

Sim, com certeza! A revolta de Atlas é o conto do colapso de uma sociedade quando seus CEOs deixam de trabalhar para ir jogar golfe!

Esse, obviamente, não é o tema do livro. É verdade que alguns dos protagonistas da obra – Hank Rearden e Ellis Wyatt, por exemplo – eram donos de grandes e importantes empresas. E sim, esses líderes corporativos inovadores entraram em greve; mas também é verdade que alguns dos vilões – James Taggart e Orren Boyle, por exemplo – também eram administradores de grandes e importantes empresas.

Qualquer leitor consciente teria observado em algum lugar entre as páginas 1 e 1.200 que, se os últimos (e não os primeiros) tivessem entrado em greve, a “sociedade” nunca teria “desmoronado”. Isso refuta a ideia de que A revolta de Atlas seria um tipo de apologia aos CEOs, em específico, e “aos ricos”, em geral.???????

A revolta de Atlas trata de bilionários que não querem pagar impostos

Hartmann: “Então, em A revolta de Atlas, tão logo os bilionários, cansados ??de pagar impostos e de obedecer à regulamentação do governo, entram em greve, Ayn Rand escreve que a economia americana colapsa imediatamente”.

A revolta de Atlas é, sem dúvida, uma grande e vasta floresta, mas Hartmann age como um falcão que mira em apenas algumas árvores. Sim, tributação e regulamentação são elementos importantes na obra, mas juntos não são o bastante para gerar o colapso da sociedade.

Então, qual foi o motivo da greve e do consequente colapso social presente na obra? Responder a essa pergunta é chegar ao tema básico do livro, tema este presente em todas as páginas: altruísmo.

A revolta de Atlas trata das diferenças entre uma sociedade baseada no altruísmo – em que as massas são ensinadas a acreditar que seu ato mais nobre é se sacrificar pelos “outros” – e uma sociedade baseada no individualismo – em que os indivíduos são respeitados como “fins em si mesmos”, sendo livres para perseguirem seus próprios objetivos.

Por meio de políticas como a Lei da Igualdade de Oportunidades, as pessoas que personificam o altruísmo tratam os individualistas como meras peças de um tabuleiro de xadrez, prontas para serem manipuladas e hostilizadas a seu bel prazer (já que é em nome dos “outros” ou do “bem comum” “).

Por fim, um misterioso homem chamado John Galt convence os individualistas mais inovadores e oprimidos a simplesmente “entrarem em greve”. Isso coloca a sociedade nas mãos dos altruístas, que não sabem nada sobre “como produzir riqueza”, mas apenas como redistribuí-la, e é esse o motivo que explica o colapso da sociedade.

Como Galt estabelece:

Falam tanto em greve; dizem que o homem excepcional depende muito do comum. Gritam que o industrial é um parasita, que são seus empregados que o sustentam, criam sua riqueza, tornam possível seu luxo… o que seria dele se todos eles sumissem? Pois bem. Proponho mostrar ao mundo quem depende de quem, quem sustenta quem, quem é a fonte de riqueza, quem torna a vida de quem possível e o que acontece com quem quando a outra parte some.

A revolta de Atlas fala de produtores ricos contra saqueadores pobres

Hartmann: “De um lado, estão os bilionários e os industrialistas como Dagny Taggart, um magnata das ferrovias, e Hank Rearden, um magnata do aço. Do outro, estão os “saqueadores”, ou seja, todo mundo que não é tão rico ou privilegiado, ou que acredita num governo democrático que fornece serviços básicos, fortalece os sindicatos trabalhistas e regulamenta a economia”.

Mais uma vez, qualquer leitura detalhada do livro revelaria rapidamente a indolência dessa resenha preguiçosa. Acima de tudo, com base no fato de que muitos dos vilões da obra serem ricos, é absurdo pensar que Rand rotularia alguém indiscriminadamente acima de certo limite de renda como “produtor”.

Em segundo lugar, Rand tinha boas palavras para descrever a “classe média”, que ela denominou como “o coração, o sangue, a fonte de energia de uma economia industrial livre…”. Logo, essa ideia de que Rand o considera um parasita caso você não seja um industrialista rico é propaganda barata.

Conclusão

Hartmann e críticos similares de A revolta de Atlas parecem estar tão envolvidos em uma ideologia de conflito de classes a ponto de prejudicar sua compreensão de uma autora que julgou os indivíduos por padrões que nada têm a ver com seu status econômico.

A revolta de Atlas tem muitas páginas, mas vale muito o esforço. Há temas de todos os tipos aguardando para desafiar a compreensão do leitor sobre si mesmo e o mundo onde vive.

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Traduzido por Gabriel Poersch.

Revisado por Matheus Pacini.

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