A falsa justiça social da busca pela igualdade

Parece haver um dilema entre defender o coletivismo e o individualismo. Por um lado, defender o coletivismo parece sinônimo de defender o coletivo e traz um senso de justiça. Por outro, defender o individualismo garante o desenvolvimento da sociedade, através da liderança de poucos indivíduos. Ambas as “necessidades” desse dilema, garantir justiça e, ao mesmo tempo, o desenvolvimento, parecem válidas para o objetivo do bem-estar.

Uma das características do coletivismo é a rejeição do sucesso individual: todos devem ser iguais e obter resultados iguais e não há espaço para ideias e atitudes individuais que diferem do coletivo. Em seu romance distópico Cântico, Ayn Rand retrata um coletivismo do futuro regido por um Estado totalitarista em que os indivíduos têm suas vidas controladas e não dispõem de liberdade. Um dos aspectos refletido pelo livro é a vontade natural do ser humano de perseguir seus próprios objetivos.

No livro, o protagonista descobre a energia elétrica e a lâmpada, porém, é repreendido pelo Estado, já que é proibido criar algo individual e, pior, falir os fabricantes de vela: situação similar à revolta dos taxistas com a liberação de aplicativos de transporte em diversos países, sob o argumento de que seus serviços seriam canibalizados. Até hoje, há pessoas contrárias a certos avanços tecnológicos, preferindo impedir o desenvolvimento e a inovação para proteger o emprego de alguns indivíduos. E, por trás disso, está a necessidade de garantir um tipo de justiça social.

O interessante da obra é notar a evolução do personagem até chegar a essa revolta. No início, ele sentia estar violando as regras por não ser igual aos seus irmãos, por ter ideias próprias e por não seguir as regras impostas pelo coletivismo: desejava até mesmo sua própria punição, mesmo sem verdadeiramente se sentir culpado por nada. Enfim, o desejo pela liberdade foi ficando mais forte e difícil de resistir, e fez com que o personagem quebrasse todas as regras e construísse seu caminho, deixando de ser escravo do coletivismo para ser um indivíduo livre.

Em outras palavras, Ayn Rand mostra que, se punirmos a liberdade individual, desmotivamos as pessoas a criarem e inovarem. Ser inovador e criar soluções traz um benefício individual de realização. Obviamente, existem riscos. Cerca de 23% das micro e pequenas empresas fecham antes de completarem cinco anos de atividades no Brasil. Segundo o SEBRAE, esse índice chega a 30% no caso de MEIs.

Se além do risco natural de fracasso e falência enfrentados pelos empreendedores, a sociedade e o Estado ainda impõem mais obstáculos, criamos um ambiente inóspito para inovações e investimentos.

Voltando ao tema do exemplo do livro, em que os líderes da sociedade desejam punir o personagem principal por ter inventado a lâmpada. No mundo real, qual seria o real impacto se tivéssemos impedido o pioneirismo de Benjamin Franklin e seus experimentos em energia elétrica até os dias de hoje? Qual seria o impacto de suas descobertas na história da ciência? Quais outras invenções não existiriam hoje se não tivéssemos o conhecimento que Benjamin Franklin nos proporcionou? Quanto a sua criatividade e conhecimento impactam nossas vidas até hoje? Quanto melhorou a qualidade de vida de todos, especialmente dos mais pobres? Quantos empregos puderam surgir a partir de sua invenção?

Provavelmente, é impossível mensurar o impacto econômico e social dessas invenções. No entanto, podemos logicamente concluir que os benefícios que a sociedade obteve desde 1752 até hoje são muito maiores do que o benefício que o próprio Franklin teve com sua inovação.

A defesa da igualdade e do coletivismo tem como premissa que todas as pessoas possuem as mesmas ambições e estão dispostas a enfrentar os mesmos riscos, e isso não é verdade. As pessoas não gostam das mesmas coisas, não possuem os mesmos sonhos e não desejam ter o mesmo estilo de vida. Portanto, a premissa inicial de que a igualdade resulta em justiça social é incorreta. Forçar algo que não é natural do homem não nos torna uma sociedade mais justa.

O fato é que, para a sociedade prosperar, precisamos de liberdade e do direito de sermos diferentes. Poucos indivíduos podem proporcionar um salto significativo para a sociedade. Tentar nivelar a diferença entre quem se destaca e a maioria não leva a um maior bem-estar social. Muito pelo contrário, limita o desenvolvimento social como um todo. Os resultados práticos e concretos nos levam à conclusão de que proteger o individualismo garante não só a liberdade, mas também maiores benefícios para todos. 

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Revisado por Matheus Pacini.

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