Objetivismo – uma filosofia transformadora

Ao completar 19 anos, o caos de minha adolescência atingiu seu ápice. Eu considerava difícil administrar minha vida por causa do clima, da estação ou de meu estado emocional – entregue a um tipo de impotência que tinha se tornado rotineiro. Embora soubesse que os meus êxitos eram resultado de trabalho duro, não tinha uma ética de trabalho adequada: não me esforçava muito para revisar minhas tarefas e, muito menos, para manter um estado mental saudável, orientado para o futuro, como deveria.

Minha primeira tentativa para corrigir isso em definitivo foi através da apatia; fugir das supostas dores da existência de modo a resolvê-las. A falácia lógica é clara.

A solução que estava buscando não era a apatia, mas sim seu oposto: eu estava buscando a razão. Um dos fatores principais para o caos ao qual estava me submetendo era minha fetichização de uma vida etérea, sem parâmetros objetivos, onde os sentimentos detinham o controle das ações. A realização de que existe ordem no universo, tornando-o compreensível aos racionais transformou-me radical e infinitamente para melhor.

Ler A Revolta de Atlas galvanizou meu desprezo saudável pelo autoritarismo, mas também me empolgou com retratos de pessoas que viviam sua vida pessoal e profissional como duas entidades interligadas – aparentemente, de forma egoísta, mas, vitalmente, de forma racional. O autointeresse racional seguido pelas personagens de Rand é frequentemente desvirtuado por aqueles que omitem o aspecto-chave do respeito mútuo inerente a essa ideia. Como uma das personagens de A Revolta de Atlas coloca: “juro por minha vida e por meu amor à vida que jamais viverei por outro homem, nem pedirei a outro homem que viva por mim.”

Ao longo de minha juventude, experimentei o ensino dogmático do altruísmo e conformidade que permeia o ambiente cultural. Na escola, fui ensinado a memorizar em vez de entender, a imitar em vez de pensar. Esses dois componentes despiram-me de um senso de autonomia sobre a vida; mas o Objetivismo ofereceu um antídoto a isso. Por sorte, tive grandes mentores que quebraram o molde imposto pelo sistema escolar e me auxiliaram a entender o mundo com um olhar crítico: a eles agradeço pelo entendimento e autonomia que carrego comigo hoje em dia.

O princípio central da liberdade individual está inextricavelmente ligado a essa autonomia; liberdade precisa de autoconfiança e, juntas, oferecem a melhor condição de sucesso. Como resultado da leitura de Rand e de um processo de raciocínio cuidadoso, desenvolvi um senso de autonomia e parei de confiar quase que, exclusivamente, no conselho dos outros para fazer escolhas, e me libertei da subordinação às veleidades. Isso me ajudou a escolher definitivamente qual área do jornalismo queria seguir, exercendo-a munido de uma visão de mundo que, em alguns pontos, contradiz a opinião popular.

Aqui, a visão epistemológica de Rand teve um papel vital em minha compreensão. A visão de Rand é de que a realidade é concreta – A é A – e que a mente é a ferramenta pela qual percepções são integradas e conceitos são formados. De forma clara e sucinta, Rand explica que a consciência perceptual é a aritmética, enquanto que a formação de conceitos é a álgebra: o homem, com sua consciência volitiva, só pode lidar com a realidade se entender que a realidade é o que é. Para mim, significou entender que a realidade é absoluta e não simplesmente o que eu gostaria que fosse. Como resultado, poupei muito tempo por evitar a armadilha do “e se…”.

Livre disso, retornamos ao antídoto objetivista para o caos. Um insight fundamental para mim foi que a chance de fracasso na vida seria amplamente reduzida se eu decidisse fazer uma coisa que eu gostava com propósito dedicado ao longo do tempo. Isso se reflete em uma citação de Rand na obra  Introduction to Objectivist Epistemology (tradução livre, Introdução à Epistemologia Objetivista):

O grau de incerteza e contradições na hierarquia de valores de um homem é proporcional ao seu grau de fracasso em suas tentativas de ação propositada.

Livrar-se de sistema místico de valores, substituindo-o pelo reconhecimento da realidade objetiva, é semear a colheita de realizações potenciais.

Quando vi o nível de realização refletido na narrativa das vidas de Howard Roard (arquiteto) e Dagny Taggard (executiva), o efeito de mudança de perspectiva do Objetivismo se solidificou em minha mente. Rand considera o homem um ser heroico, e construiu personagens que, acima de tudo, ambicionam ser o melhor de si mesmos. Em A Nascente, Roark explica o raciocínio que guiou sua escolha das esculturas de Steven Mallory para adornar seu prédio: “Acho que você é o melhor escultor que temos. Acho isso porque as suas estátuas não são o que os homens são, mas sim o que eles poderiam ser… e deveriam ser. Porque você foi além do provável e nos fez ver o que é possível, mas possível apenas através de você.” O que o homem poderia ser é uma ideia muito motivadora; dar a si mesmo a permissão absoluta e inabalável de ter sucesso.

Uma constatação pessoal ao ler Rand é que a verdadeira libertação só é alcançada quando o amor-próprio tem seu estigma removido: é a moeda psicológica da vida e aquela que, racionalmente, não deveríamos ter medo de utilizar.

Hoje, nos primeiros passos de minha carreira potencial no jornalismo político, levo comigo a sabedoria incorporada nos heróis dos romances de Rand; Dagny Taggard construiu suas ferrovias com determinação apaixonada (apesar de muita oposição de membros de sua família, amigos, concorrentes e governo); Howard Roark construiu seus prédio em face de duras críticas e adversidades. O metal vibra, os tijolos são fixados e a caneta risca o papel: tudo influenciado pelo poder da mente humana.

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Publicado originalmente em TheUndercurrent.

Traduzido por Matheus Pacini

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